O céu do Ceará vai brilhar mais forte nesta sexta-feira (27) com a passagem do cometa C/2023 A3, que vem sendo chamado de "Cometa do Século". Nos próximos dias, o fenômeno vai se tornar gradualmente mais visível, sobretudo com uso de equipamentos, e no início de outubro ele já vai poder ser observado a olho nu.
Atualmente, o "Cometa do Século" ainda está muito próximo do Sol, o que o torna difícil de ser observado, especialmente a olho nu. Contudo, nos próximos dias, o corpo celeste vai chegar mais perto da Terra, o que vai tornar sua observação mais fácil.
De acordo com Lauriston Trindade, integrante da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), a posição do Ceará, próximo à Linha do Equador, vai favorecer a observação do fenômeno ao longo das próximas semanas.
"A expectativa é que o C/2023 A3, ele possa ser muito visível, muito brilhante, e consequentemente uma grande parte da população possa acompanhar", destaca.
Conforme o cometa se aproximar, as condições de visualização vão se alterando. Nas primeiras semanas, o cometa vai ser visível pela manhã, antes do sol nascer. Contudo, já no fim de setembro, o cenário se inverte, e o cometa passa a ser melhor observado no início da noite.
A passagem do cometa vai ter algumas importantes janelas de observação:
Cometas são rochas espaciais geralmente cobertas de gelo. Ele é formado essencialmente por duas partes: a região chamada "coma", que é a cabeça do cometa, onde está concentrada a sua massa; e a parte conhecida como "cauda".
Quando os cometas se aproximam de uma estrela como o Sol, eles passam a receber luz e começam a aquecer. É a partir desse processo que se forma a cauda de um cometa.
"Esse material que é gelo vai começar a derreter e vai começar a gerar gás, e como o cometa é muito pequeno, não tem gravidade suficiente, não vai gerar uma atmosfera, esse gás vai ser expelido, vai ser expulso e vai para o espaço", explica Lauriston. "Então quando ele jogar esse material no espaço, a própria luz do Sol vai iluminar essa poeira que ele vai estar deixando para trás, e isso vai gerar uma cauda".
O brilho de um cometa costuma ser medido em uma escala de magnitude. Atualmente, o C/2023 A3 está com uma magnitude perto de 6 - quanto menor esse número, mais brilhante deve ser o cometa. Em outubro, a expectativa é que o cometa atinja uma magnitude de 3 ou 2 na escala.
O C/2023 A3 foi descoberto em janeiro de 2023 de forma independente, por dois observatórios: o Observatório de Tsuchinshan (ou Purple Mountain) na China e o projeto ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System) no Havaí. Por isso, ele também pode ser chamado de cometa Tsuchinshan-Atlas.
A expectativa é que o aparecimento do traga um brilho tão intenso como o do cometa Hale-Bopp, em 1997, que teve uma magnitude perto de 3. Por isso, se confirmado o nível de brilho o Tsuchinshan-Atlas, ele deve se firmar como um dos mais brilhantes das últimas décadas.
"A gente teve no século passado alguns cometas que se destacaram muito. E o que é se destacar muito? É ser muito brilhante, ser muito visível, ser muito acessível à população. A gente tem vários cometas agora que estão pelo céu, nesse momento a gente tem vários. Mas todos eles, atualmente, só são possíveis ver através de grandes telescópios", detalha Lauriston. "Então, quando a gente tem a possibilidade de um cometa ser muito brilhante, quer dizer, ele vai ser muito visível e acessível no planeta inteiro, porque o cometa é um fenômeno que possibilita uma visualização global, então ele recebe essa alcunha, recebe esse subtítulo, esse apelido de ‘cometa do século’"
O cometa vai ficar visível a partir do dia 15 de setembro, e deve atingir o auge do seu brilho no dia 12 de outubro. Para acompanhá-lo ao longo deste período, é preciso observar algumas recomendações conforme a posição do cometa no céu:
15 a 26 de setembro
27 de setembro a 3 de outubro
3 a 12 de outubro
Para o 12 de outubro, em que é previsto o auge do brilho do cometa, a dica de Lauriston Trindade, da Bramon, para quem quer aproveitar o fenômeno com todo seu esplendor, é procurar um espaço de observação longe dos grandes centros urbanos.